Ângulo.

Estou prestes a iniciar uma nova etapa vital e começam a transbordar–me lembranças distantes.

Recordo-me de repente que não era o melhor da sala de aula, que não conseguia dobrar o plástico da carteira como os outros, não levava estojo, meus lápis eram soltos, não contornava e nem pintava bem.
Recordo-me de repente que não era o melhor da sala de aula, mas que era muito comunicativo, me dava muito bem com os números, atividades físicas e de rápido raciocínio.

Recordo-me de repente que não era o melhor da sala de aula, mas que não dobrava o plástico da escola porque queria ser o primeiro a chegar no portão (assim como uma competição), não levava estojo porque já achava que estavam bem guardados na mochila, não contornava bem porque tinha incompreensão de contornar o que já estava contornado e não pintava bem porque não via sentido em pintar uma ou mais folhas repletas de figuras geométricas.

O que quero dizer, é que todos são bons em algo e que quase tudo é prazeroso de executar, depende somente do “ponto de vista que você tem” X “ponto de vista que lhe é sugerido”.

Na próxima semana começo a faculdade de música e jamais achei que seguiria este rumo, mas os desafios que tenho nesse meio (assim como não era fácil chegar no portão da escola primeiro), a possibilidade de fazer “desenhos” quase que inimagináveis com o som (e não simples figuras geométricas) me encantou, portanto vou criar meus próprios contornos e pintar este desenho desconhecido com toda minha vitalidade.